segunda-feira, janeiro 19, 2009

A morte do trema e do bom senso

O que uma coisa tem a ver com outra deve estar se perguntando quem ler esse título. Pois então, vamos aos fatos. O trema morreu. As próximas gerações sequer saberão que ele algum dia existiu a menos que pais preocupados com isso expliquem que algumas palavras tem a letra U pronunciada. Essa geração será a do cachorro quente com linguiça, assim mesmo com GUI como o pronunciado no nome Guilherme. Daqui alguns anos ninguém mais lembrará que um dia vôo tem acento circunflexo. A adequação da nossa língua às normas internacionais dos países que também falam português é algo, ao meu ver, desnecessário, sem importância neste momento como o que segue mais abaixo sobre a ideia central desse post.

Jamais a nova geração lembrará que o trema era aqueles dois pontinhos na horizontal que ficavam sobre a letra U. Enfim, ele fincará na história. Apenas os alunos mais instigados e pesquisadores descobrirão que ele um dia fez parte das nossas vidas.

Exatamente quinze dias depois das novas regras ortográficas descobri que o bom senso também morreu. Isso mesmo. Morreu. Não na sua essência como o trema e alguns acentos gráficos em determinadas palavras. Diante das notícias do acidente envolvendo a delegação do Grêmio Esportivo Brasil-Pe, fiquei atônito tentando adquirir informações sobre os mortos e feridos na tragédia.

No final da noite, em umas das rádios de maior audîência do Estado, o bate-papo com um dirigente do clube estava fluindo normalmente sobre o dia e o estado de saúde do restante do grupo de jogadores e da situação psicológica dos familiares, quando um dos locutores parece ter esquecido que daquele acidente, vidas tinham sido interrompidas. O assunto partiu para o lado menos interessante. Contratação de atletas, participação ou não no Gauchão 2009, entre outros assuntos. A sensação que tive é a de que parecia que havia algum interesse financeiro pela não desistência do clube de participar da competição. Isso é a morte do bom senso. É falta de sensibilidade para entender que aquela não era a hora para tal discussão. É o mesmo que chegar em uma barraquinha de cachorro-quente e pedir um com luinGUIça. O pior de tudo é ter que aGUEntar tudo isso, Vianey Carlet.