sexta-feira, setembro 26, 2008

Geral do Grêmio: do espetáculo na arquibancada à escolha do presidente

Aos dois meses de vida, Rodrigo Marques, popularmente conhecido como Alemão da Geral, já estava na arquibancada do estádio Olímpico pela primeira vez. Para muitos, isso é um absurdo, uma loucura. Mas não para o Alemão, que foi levado pelo seu pai ainda no colo. Isto é paixão, em outras palavras, amor pelo clube. Mas esse é o começo de uma relação com o Tricolor gaúcho. Na verdade, esse seria o pivô do início de um movimento que anos mais tarde seria criado por ele mesmo. Conforme o próprio torcedor, a Geral do Grêmio é a expressão deste e de outros fatores que alimentam esse sentimento.
O que tem se notado é que há uma mudança na concepção de torcer pelo time em campo. A filosofia tanto da Geral como da Guarda Popular, é fundada na idéia de total preocupação com o Clube do coração. Como define alemão.

“Nós nos preocupamos com questões desde o concreto solto na arquibancada até a gestão do presidente”, declarou.

Grande parte da população apenas vê a paixão expressada das arquibancadas, porém, não sabe como funciona a organização do espetáculo promovido em sempre atrás das goleiras. Ver o jogo não interessa para eles. Assistir a plasticidade de cada lance, não tem a menor importância diante da expressão do sentimento. As barras atravessadas e as bandeiras impedem que isso aconteça, mas não são empecilhos para que os mais puro sentimento seja traduzido nos cânticos e gestos feitos durante os 90 minutos de partida.

Tudo isso é facilmente observado pelo restante dos torcedores que se acomodam em outros setores do estádio Olímpico e do Beira-Rio, inclusive pela própria imprensa, que, às vezes, desdenha esse movimento ou até mesmo ignora essas situações. Entretanto, poucas pessoas param para pensar no processo de criação, ou melhor, como é realizada a comunicação nos bastidores que tornam isto uma festa inesquecível a cada jogo. Para colocar isso tudo em prática é preciso criar um movimento, isto é, se organizar e é, justamente a organização das organizadas é que chama a atenção.

Quando ainda tinha 16 anos, Alemão era integrante da Torcida Jovem. Ele fala que a filosofia era bem diferente na qual hoje faz a Geral do Grêmio ser conhecida no Brasil inteiro.

“Existia a idéia de confronto, de agressão física. As pessoas se reuniam em qualquer lugar da cidade para beber e se tivesse que trocar socos e pontapés com algum integrante da torcida rival a gente trocava”, disse Alemão.

Mas tudo começou de fato na Geral, quando o mesmo Alemão foi realizar um protesto, cobrando mais atitude dos jogadores pelo mau momento que o clube vivia em 2000. Identificado por alguns dirigentes, ele acabou sendo suspenso da Torcida Jovem. A partir desse momento, houve a idéia de criação de uma nova torcida com uma mentalidade totalmente diferente. Em outras palavras, Alemão resolveu fundar a sua própria torcida e iniciar o movimento que hoje torna a Geral do Grêmio a única torcida realmente organizada.

Em 2001, estava iniciando o movimento que hoje é referência para grande parte dos torcedores gremistas e que atrai cada vez mais pessoas interessadas em compor esse seleto grupo. Mas a organização não pára por aí. Saber o que outras torcidas fazem nas arquibancadas pelo mundo, exige pesquisa e isso Alemão garante que é feito.

“Estamos sempre atentos ao que é realizado em outros países. Se achamos que seria interessante trazer para o nosso lado, fazemos sem problemas, mas sempre inovando”, afirmou.

Mas o leitor pode deve ter se perguntado. Mas de onde vem o dinheiro para isso? Aí entra a criatividade dos integrantes da Geral. Venda de mantas virou uma febre na Capital do RS. Cada uma tem um custo médio de R$ 25 reais e é facilmente vista pendurada nos pescoço dos mais fanáticos torcedores. Adesivos com a logotipia da torcida e cores do clube e chaveiros também são fonte de renda. O próprio bolso, às vezes, serve de subsídio para a promoção desse espetáculo. Doações são sempre bem vindas sem falar nas viagens para outros estados, que evidencia a capacidade de se organizar desse grupo.

Alemão preferiu deixar nas entrelinhas como eles conseguem se deslocar pelo país para acompanhar o Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense. Porém, revelou que recebem ajudar de pessoas ligadas ao Clube, que acabam facilitando e diminuindo consideravelmente os custos da viagem. Apesar de Alemão não confirmar e adotar um tom mais discreto quanto à isso, algumas viagens para outras cidades de fora do RS custam somente R$ 10 reais. Prova que ter boas relações e se organizar é importante para quem quer fazer parte de uma grande torcida, isto é, de um grande movimento.

“Chegar em outra cidade e ficar rodando é perigoso demais e, justamente por isso, mantemos boas relações com organizadas de outros times. Com isso, eles nos esperam e sempre almoçamos juntos e ficamos nas sedes deles até a hora do jogo”, destacou.

Mas o que essas pessoas ganham dispensando tempo com isso? Alemão garante que respeito e reconhecimento pelo amor ao Grêmio. Hoje, a Geral tem dois representantes no Conselho Deliberativo do clube. Fato impensável até o início do ano 2000. André Gutierrez e Bruno Ortiz são os homens que estão atentos as decisões políticas que envolvem o Tricolor. Inclusive, a construção do novo estádio, a Arena, no Parque Humaitá, tem participação direta dos representantes da Geral. O projeto prevê três anéis, mas foi modificado para que atrás das goleiras não haja o anel do meio, justamente para que possa ser ampliado o espaço da torcida. Além disso, haverá cadeiras removíveis para que em jogos mais importantes e que o número de torcedores seja maior, a conhecida avalanche, marca registrada da Geral, possa ser realizada a cada gol do time.

“Com certeza, isso é uma conquista. Todo esse movimento e mudança na concepção de torcer fez com que os homens do futebol entendessem que sem a Geral eles perderiam força e que um clube sem torcida não anda”, avaliou Alemão, que reconhece que a caminhada não foi nada fácil.

As portas da sede da Geral, localizada na parte de trás do Olímpico, junto ao portão onde geralmente a torcida entra, estão sempre abertas garante um dos líderes junto com o Paulão, que hoje é candidato a vereador, na cidade de Canoas.

“Quem quiser fazer parte desse movimento e declarar o seu amor pelo Grêmio pode chegar que estamos sempre abertos, mas terá que cumprir alguns pré-requisitos”, salientou, enquanto seus colegas picavam papel na sede já preparando o espetáculo para o próximo evento.

sexta-feira, setembro 12, 2008

Ato público em defesa do diploma no Jornalismo


Acredito que depois que o meu caro e humilde leitor ler esse comunicado da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), sequer preciso me manifester a respeito desse assunto. Se os homens do Direito no Brasil ainda tiverem um pouco de bom senso e vergonha na cara, não irão pensar em abolir a exigência do diploma no Jornalismo. Seria mais ou menos ir contra os princípios fundamentais em todas as áres e, por exemplo, concrodar que qualquer pessoas com um ensino fundamental ou médio pode advogar. Complexo? Não. Fácil. Basta que se olhe antes para o direito de cada cidadão, as responsabilidade e o compromisso ético que cada profissional das mais diversificadas áreas tem com a sociedade. Portanto, a luta se faz necessária diante da possibilidade de homens inteligentes, que eu espero que sejam, decidir sobre o futuro de uma profissão que durante muitos anos sofreu com a Ditadura Militar e que agora corre atrás do tempo perdido.

segunda-feira, setembro 08, 2008

O sinal vermelho não é mais garantia para pedestre

Não se pode confiar mais no sinal vermelho. Isso mesmo! Aquele que fica sob nossas cabeças e deveria avisar o motorista que trafega pelas avenidas das principais cidades do Brasil que é a vez do pedestre atravessar a via. Diz Jean Paul Sartre que o homem nada mais é do que aquilo que produz em atos. Então, se o nosso trânsito é um lixo, é porque nós todos temos grande parte de culpa nisso. Se as nossas políticas públicas não funcionam como deveriam, é porque nós somos responsáveis por isso, pois, além de elegermos pessoas incapazes de governar, não fazemos a nossa parte.

Mas enfim, digo isso e fujo do assunto que alimenta esse blog, isto é, o futebol, mais uma vez para expressar a minha indignação com uma fato que me ocorreu na manhã desta segunda-feira, 8, e desabafar um pouco comigo mesmo. No cruzamento da avenida Borges de Medeiros com a Riachuelo, no Centro de Porto Alegre, uma mãe, aparentando ter uns 30 anos esperava para cruzar a movimentada via com a sua filha no colo. O sinal fechou. Até aí tudo bem. Em tese, isso deveria indicar que é a vez do pedestre seguir o seu curso com segurança. Mas releia. Eu disse em tese. O susto fez meu corpo tremer diante do fato que vou narrar.

Um taxista, mal organizado – porque ele deveria sair mais cedo de casa se não quer chegar atrasado no seu destino e, se saiu, assuma as responsabilidades pelo seu erro e não coloque a vida de outras pessoas em risco –, mal educado, sem respeito, entre outros tantos adjetivos de baixo calão que não caberiam colocar nesse espaço por respeito aos leitores, simplesmente não obedeceu a sinalização e, por questão de 3cm não atropelou aquela mãe com a sua filha no colo.

Diante desse fato e sem me alongar muito me pergunto: Nem o sinal vermelho é mais garantia de segurança no trânsito? Se não posso confiar na sinalização vou confiar em quem? Acho que não preciso ser mais explícito para expressar o que penso. É claro que só o sinal vermelhor não deveria ser a ganratia.

Bom se pudessemos confiar nos nossos motoristas e acreditar que existe respeito com o próximo.