segunda-feira, julho 28, 2008

Entrevistas rituais

Na vida, tudo tem explicação. Sejam sobrenaturais, objetivas, concretas, nem tão objetivas e que necessitam de aprofundamento e embasamento teórico, etc. Essa é a ordem das coisas. No Jornalismo existem discursos e discursos e já explico o que quero dizer com isso.

Para quem trabalha no ramo existem alguns diferentes tipo de entrevista: tem a ritual, que é geralmente breve. São aquelas que servem muito mais para simples registro de comprovação de que o repórter está no local do evento do que o que é dito pelo entrevistado. Tem as entrevistas temátias, que abordam um assunto específico que suponha-se que o entrevistado tenha conhecimento e autoridade sobre o que ele irá discorrer, como por exemplo, a economia do pais, procedimentos médicos, etc. Além destas, só para fins de reigstro, existem ainda as testemunhais e as ocasionais.

Mas quero chegar ao ponto que diz respeito ao que está sendo dito, para quem está sendo dito e, muito mais, o compromisso com o que está sendo dito. A verdade acima de tudo. Com relação ao esporte, os discursos são sempre rituais. Sem importância do ponto de vista teórico/informativo, mas muito importantes do ponto de vista técnico. Ou seja, os jogadores de futebol, na sua grande maioria, sempre falam a mesma coisa em circunstâncias diferentes. Porém, no último sábado, após a derrota do Inter para o "grande" Ipatinga, ouvi alguns discursos sem cursos, isto é, entrevistas sem compromisso. Podemos chamar isso de desculpas esfarrapadas.

Para o torcedor que é sócio do clube, paga em dia a sua mensalidade, vai aos jogos, compra o pay-per-view, as falas dos jogadores, às vezes, soam como falta de respeito. Dizer que o cansaço e o gramado ruim foram os culpados pela derrota é, no mínimo, esquecer que quem paga, indiretamente, os salários dos jogadores é o torcedor. Ora! Se eu ganhasse metade de que ganha o Nilmar, por exemplo, eu daria pontapé na minha sombra e soco nas traves, além de "comer grama" em cada partida. Quero deixar bem claro que não estou o culpando por nada. Muito pelo contrário.

O que leva um atleta como o Alex a proferir tais palavras? Por que não assumem a culpa pela incompetência de não ter ganhado do glorioso Ipatinga, no Ipatingão, ou da Portuguesa de Desportos, no Canindé? Seria muito mais justo com esse torcedor, que ao ouvir entrevistas rituais desse tipo após cada partida, sentiria-se muito mais confortado com a derrota.
Agora, convenhamos, vida de leitor, ouvinte e telespectador não é nada fácil.

Nenhum comentário: